São depoimentos emocionantes, que por falta de espaço tiveram que ser reduzidos. Sendo assim, publicarei diariamente, os depoimentos na íntegra.
Para começar compartilho a história de "RAFAEL" nome fictício, e que foi escolhido pelo seu significado que descreve exatamente a pessoa que escreveu este depoimento: nome de um anjo. Significa Deus cura e indica uma pessoa paciente e perseverante, que procura beneficiar os que precisam de ajuda.
Leiam com o CORAÇÃO e com EMPATIA (colocando-se no lugar do outro)!!!!!!
"Responder às questões sobre a homossexualidade é
fazer sempre eu me reportar a triste infância e adolescência. Onde eu
considerava-me sempre menos que os outros, sempre o peixe fora d’água. O menino
lindo que gosta de cozinhar, de comprar, de se vestir bem e detesta jogar
futebol e brincar de carrinho. Destaque em notas, em sempre ser o melhor de
sala de aula, elogiado por todos, amado pelos mais velhos, e ao mesmo tempo se
sentir tão pequeno perto dos amigos. Sempre soube que tinha algo errado comigo.
Me apaixonava por meninas lindas mas que nunca era correspondido, pois elas
preferiam sempre o “pior da turma”. Aí, vinha sempre os questionamentos: “Por
que ser o melhor” se não vale de nada?! E o tempo passou, só o travesseiro sabe
quantas vezes chorei e pedia a Deus para tirar minha vida. (Hoje me arrependo!)
Pensar que não era o filho perfeito e que não teria a família que a sociedade
impõe, mesmo sendo honesto, formado, bem visto pela sociedade. Mas sempre sem a
resposta para: “E a namorada?” Trauma dessa pergunta feita sem piedade por
todos.
Ouvir
como um tiro dado pelos próprios pais palavras como: “esses viados”. Por conta
disso desenvolvi uma úlcera nervosa que me faz lembrar, quando fico nervoso ou
com medo, tudo o que passei. Fui
realmente aceitar que olhava diferente para os meninos, com 24 anos quando
viajei e me dei a oportunidade de experimentar, um beijo de outro homem. Então
queria mudar tudo, queria realmente isso.
Quando
minha família desconfiou foi onde desencadeou o meu quase suicídio. Não tive
apoio, pelo contrário, meus pais queriam mudar de cidade e me fizeram prometer
de joelhos depois de muito choro que eu não era gay e que apresentaria uma
namorada. Foi o que fiz, namorei durante um ano até que não suportei mais não
ser eu mesmo. Terminei o relacionamento. E viajava todos os meses para longe,
para poder ter momentos de paz e ser eu mesmo. Poder sair sem me preocupar com
os outros, ou com medo de contarem à minha família.
Mas
isso me levava a um quadro depressivo, pois eu montava personagens para me
esconder. Inúmeras vezes tentei suicídio. Agradeço a Deus ter encontrado
pessoas no caminho que me estenderam a mão, e me escutaram, me deram forças
para suportar a pressão que a sociedade impõe. E o que mais doía era saber que
em casa eu só tinha meu travesseiro para chorar e pensar, que eles tinham um
filho com tantas qualidades, mas que de nada valia se ele era “viado”.
Acredito
que o trabalho de conscientização para a sociedade seja o melhor caminho, pois
não desejo a ninguém o que passei. Ser diferente e não ter onde me apoiar ou
com quem conversar. Quem sabe se trabalho tivesse ocorrido há 10 anos eu nem
precisasse ter mudado de cidade, ter me afastado de quem eu amo para poder
viver com tranquilidade e sem medos. Triste é ver ao retornar para a cidade e visitar
meus pais, que a situação não mudou, e as palavras ofensivas para os “viados”
continuam.
E
confesso que não tenho forças para imaginar que mesmo me sustentando, perderia
o amor deles, ou escutaria palavras que me ferissem tanto que jamais
conseguiria perdoar. Pois tenho certeza, afinal conheço minha família, que jamais
seria diferente. Então permaneço no silêncio e na dor, orando para as famílias
aceitarem seus filhos do jeito que são. E lembro sempre das palavras da minha
eterna amiga: Empatia! Coloque-se no lugar do outro."
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