terça-feira, 22 de março de 2011

O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO

            Em nosso desenvolvimento enfrentamos várias crises e processos de auto-afirmação até construirmos nossa personalidade. Durante este período que normalmente se acentua na adolescência começamos a buscar nossos “semelhantes” através da inserção em grupos que mais se identificam conosco. Neste momento tentamos encontrar em nossos amigos as mesmas vivências, questionamentos e formas de pensar, porém quando não há esta identificação tenta-se a aproximação em outros grupos e assim sucessivamente.
            No decorrer deste processo, muitos adolescentes, motivados talvez pela timidez, acabam isolando-se por não se enquadrarem nos grupos existentes. Podemos encontrar dentre estes adolescentes: pessoas tímidas, apenas; pessoas com alguma deficiência; outros que possuem uma história de vida conturbada e por que não alguns homossexuais?
            Assim, estes adolescentes que não se enquadram nos grupos existentes, sentem-se sós e buscam apoio em seu núcleo familiar. Porém, mesmo nas famílias mais desestruturadas, normalmente existe um membro que fornecerá o apoio solicitado. E ao homossexual? Que apoio será dado? A quem ele recorrerá? Afinal, neste ponto do desenvolvimento devemos lembrar que os adolescentes encontram-se em uma fase de descobertas e auto-conhecimento, sendo que muitos homossexuais e transexuais, durante este período, nem mesmo sabem o que estão sentindo e o que está acontecendo com seu corpo, e tão pouco podem compartilhar suas dúvidas devido ao preconceito existente.
            Neste momento, muitos se sentem: “anormais”, pois fogem aos padrões da sociedade por gostarem de pessoas do mesmo sexo; “inferiores” e “pecadores”, dentre outras coisas. Infelizmente, como alternativa a todo o sofrimento que enfrentam por não poderem compartilhar com sua família as dúvidas e preocupações e receber a aceitação, muitos tentam ou idealizam ou suicídio. E posso afirmar que isto ocorre em muitos casos, pois ouvi pelo menos 3 relatos de amigos, que durante suas crises de identidade, idealizaram e até mesmo praticaram a tentativa de suicídio, e que felizmente não obtiveram êxito. E um outro amigo, que durante o cursinho pré-vestibular, acabou cometendo suicídio durante as férias. Algo muito doloroso, e marcante, e que embora ele nunca tenha conversado abertamente comigo, tenho 99,9% de certezas quanto a sua homossexualidade. Sendo muito triste ver nossos colegas de cursinho rirem dele durante a aula, devido ao seu tom de voz agudo e eu não poder fazer nada...
            Lamentável, que em nossa sociedade tão evoluída ainda possam existir casos assim.   Por tudo isso, faço sempre um apelo para que se coloquem no lugar dos homossexuais e transexuais, pois não é nada fácil vivenciar tantas experiências dolorosas devido ao preconceito existente. E aos pais, deixo meu pedido de compreensão e aceitação, pois entendo o quanto é difícil aceitar o “diferente”, mas lembre-se que antes de tudo ele é seu filho e merece todo o seu amor. Não tenham medo de conversar com seu(sua) filho(a), pois muitos adolescentes e até mesmo adultos, não conseguem iniciar esta conversa por medo ou vergonha, embora sintam imensa vontade de compartilhar suas vivências com sua família.
            Deixo como dica, o link de uma reportagem muito interessante sobre o Amor. E novamente indico o Filme Orações para Bobby para um melhor entendimento.